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A ciência no centro das decisões é o caminho para enfrentamento eficaz da pandemia, defende cardiologista

Ludhmila Hajjar foi entrevistada pelo secretário de Planejamento e Projetos da ESMPU, Carlos Vinícius Ribeiro, e legitimou a implantação de uma ação multifacetada para combater a Covid-19
publicado: 28/05/2020 17h41 última modificação: 28/05/2020 17h45
Ilustração com foto

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“Vivemos um momento no qual cientistas, epidemiologistas, profissionais da economia e políticos precisam caminhar juntos. É necessário pensar e implementar uma ação multifacetada pois essa é a fórmula principal para combater o vírus”. O argumento foi defendido pela cardiologista, professora associada da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e diretora de Ciência e Inovação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) Ludhmila Abrahão Hajjar, em sua participação na série “Diálogos Interdisciplinares: a pandemia do Coronavírus”, promovida pela Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU). Confira a entrevista na íntegra.

No bate-papo virtual, conduzido pelo secretário de Planejamento e Projetos da ESMPU, Carlos Vinícius Ribeiro, a médica explicou que a situação da crise sanitária no Brasil foi agravada pela falta de um planejamento prévio. Para ela, o Brasil demorou muito para reagir e deveria ter feito isso de uma maneira mais sistêmica e não tão regionalizada. “Tivemos ações muito segmentadas, o que evidencia uma diferença tão grande de resultados de epidemiologia de Estado para Estado e de região para região”, completou.

Ludhmila Hajjar elogiou a concepção do Sistema Único de Saúde (SUS), mas ressaltou que a falta de renovação e de adaptação às condições demográficas e epidemiológicas no país potencializou o desafio do enfrentamento ao coronavírus. “Não falta investimento na saúde, mas sim uma organização sistemática do gasto e da aplicação desses recursos e isso deveria ter sido feito em fevereiro, antes da doença explodir”. A cientista reforçou que ainda dá tempo de tentar equacionar algumas questões por meio de uma ação coordenada.

A cardiologista destacou também que este cenário é ideal para que as universidades tenham maior protagonismo e prestem seus serviços à sociedade. “Os hospitais de campanha deveriam estar sendo liderados pelas universidades. Ter uma universidade forte, voltada para a sociedade, impulsionada por recursos devidamente gastos e aplicados, gera mais saúde, educação e investimentos em pesquisas que beneficiam a todos.”  

Por fim, Hajjar agradeceu aos representantes do Ministério Público e pontuou que o trabalho da instituição na luta pela democracia brasileira e pela defesa dos direitos dos cidadãos, no atual cenário, tem sido feito de uma maneira íntegra e solidária. Ela também se mostrou otimista e disse que, apesar das dificuldades, o momento provoca reflexões positivas. “Esta situação nos deixa com um desejo de uma transformação individual e coletiva. Não há como a gente sobreviver a isso tudo sem uma profunda reflexão sobre nossas atitudes. Não há sociedade moderna e desenvolvida que não tenha saúde e educação como foco. Isso vai passar e, quando passar, espero que a gente consiga focar mais na vida das pessoas”, finalizou.

Infelizmente, por problemas na internet, o vídeo apresentou algumas falhas na transmissão.

Série “Diálogos Interdisciplinares – a pandemia do Coronavírus”

Promovidos pela Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU), os encontros virtuais buscam fomentar a discussão, o debate e a reflexão sobre aspectos jurídicos, sociais e econômicos das medidas tomadas para combater a pandemia do coronavírus no Brasil e no mundo.

Lançada no final de março, a série conta com a participação de acadêmicos, especialistas, economistas e juristas. Confira os episódios já disponibilizados aqui.

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