Boletim Científico Escola Superior do Ministério Público da União https://escola.mpu.mp.br/publicacoescientificas/index.php/boletim <p>Lançado em outubro de 2001, o <em>Boletim Científico Escola Superior do Ministério Público da União</em>, ISSN 1676-4781, é uma publicação semestral, veiculada em suporte eletrônico, que reúne artigos produzidos por membros e servidores do Ministério Público da União, representantes do Poder Judiciário, professores de universidades brasileiras e estrangeiras, além de outros colaboradores. Os textos tratam de matéria jurídica ou afim, que servirão como fonte para pesquisas posteriores, bem como para melhor informação dos profissionais da área.</p> ESMPU pt-BR Boletim Científico Escola Superior do Ministério Público da União 1676-4781 Contratações públicas sustentáveis no Brasil https://escola.mpu.mp.br/publicacoescientificas/index.php/boletim/article/view/775 <p>Desde a Agenda 21, adotada na Rio-92, o Brasil assumiu internacionalmente o compromisso de implementar todas as medidas ao seu alcance para promover modelos de produção e consumo sustentáveis, inclusive através da revisão de suas políticas de compras, com o fim de fomentar o surgimento e a consolidação de novos mercados alinhados a esse ideal. A concretização dessa ambiciosa promessa depende não apenas de esforços normativos, mas de uma ampla mudança na cultura administrativa atual, que privilegia sobretudo o menor preço. Este artigo parte da análise dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil para então examinar as normas internas relativas à contratação e gestão sustentáveis e sua implementação na esfera federal. Busca-se com isso responder à questão: em que medida a Administração Pública federal tem promovido contratações públicas com critérios de sustentabilidade? A pesquisa, de natureza qualitativa, foi realizada com a aplicação das técnicas de investigação bibliográfica e documental, tendo por base o método de abordagem analítico-dedutivo. A partir dos dados analisados, apurou-se que, embora tenham sido editadas diversas normas em âmbito federal prevendo a obrigatoriedade da adoção de critérios de sustentabilidade nas contratações públicas, apenas uma parcela ínfima das aquisições tem utilizado tais parâmetros. Desse modo, a Administração Pública federal deve empenhar-se mais em garantir a conformidade das condutas de seus agentes à legislação em vigor, especialmente através da produção e disponibilização de informações, da oferta de cursos de capacitação e do estabelecimento de mecanismos eficientes de monitoramento.</p> Walmir Coelho da Costa Santos Copyright (c) 2024 Boletim Científico Escola Superior do Ministério Público da União 2024-04-05 2024-04-05 60 310 328 Direitos humanos e empresas https://escola.mpu.mp.br/publicacoescientificas/index.php/boletim/article/view/774 <p>O crescimento da denominada Agenda ESG (Environmental, Social and Governance) – que busca inserir no processo de tomada de decisões de investimento das empresas parâmetros de sustentabilidade ambiental, responsabilidade social e governança corporativa – tem produzido, como efeito colateral, um aumento da veiculação de informações e comunicações, de caráter corporativo ou publicitário, com conteúdo inteiro ou parcialmente falso, ainda que por omissão, capaz de induzir investidores e consumidores a erro em relação à postura da empresa em temas ambientais e sociais. O presente artigo busca demonstrar que tal prática, que ficou conhecida como greenwashing ("lavagem verde" ou "maquiagem verde") ou como socialwashing ("lavagem social" ou "maquiagem social"), a depender do conteúdo da informação veiculada – se sobre questões ambientais ou sociais, respectivamente –, enseja a responsabilização civil de companhias, acionistas controladores e administradores, a ser buscada pelo Ministério Público em geral e, particularmente, pelo Ministério Público Federal.</p> Thales Cavalcanti Coelho Copyright (c) 2024 Boletim Científico Escola Superior do Ministério Público da União 2024-04-05 2024-04-05 60 292 309 O Ministério Público Federal e o dever de aproveitamento de imóveis públicos federais https://escola.mpu.mp.br/publicacoescientificas/index.php/boletim/article/view/772 <p>O presente artigo tem por objetivo precípuo analisar o papel do Ministério Público Federal no aproveitamento de imóveis públicos federais por particulares a quem destinados tais bens. Analisaram-se, nesse itinerário, a evolução do direito de propriedade no Brasil, desde as sesmarias até a Constituição Federal de 1988, os instrumentos de destinação de imóveis públicos federais a particulares e, por fim, a existência do dever de aproveitamento de imóveis públicos federais por esses particulares. Concluiu-se pela existência do dever de aproveitamento dos imóveis públicos federais destinados pela União a particulares, assumindo o Ministério Público Federal papel de proeminência na fiscalização e repressão ao descumprimento de tal dever.</p> Saulo Linhares da Rocha Copyright (c) 2024 Boletim Científico Escola Superior do Ministério Público da União 2024-04-05 2024-04-05 60 271 291 A possibilidade de emprego das práticas restaurativas na tutela coletiva extrajudicial pelo Ministério Público do Trabalho https://escola.mpu.mp.br/publicacoescientificas/index.php/boletim/article/view/771 <p>O presente artigo objetiva estudar a possibilidade de aplicação da justiça restaurativa na tutela coletiva extrajudicial pelo Ministério Público do Trabalho em irregularidades trabalhistas noticiadas à instituição. Adotou-se como método de abordagem o hipotético-dedutivo, e, como método de procedimento, a pesquisa bibliográfica. Verificou-se que o Ministério Público é uma instituição com poderes para formular argumentos no intuito de deliberar e de discutir, em igualdade de condições, com os interessados e os envolvidos em conflitos, problemas e insatisfações sociais. Conclui-se que o Ministério Público do Trabalho é um ator político-burocrático com poderes para instaurar procedimentos dialógicos para proceder à concretização de direitos sociais, à harmonização e à pacificação social, sendo as práticas restaurativas uma das possibilidades de atuação nos procedimentos ministeriais.</p> Sandoval Alves da Silva Camille de Azevedo Alves Siqueira João Renato Rodrigues Siqueira Copyright (c) 2024 Boletim Científico Escola Superior do Ministério Público da União 2024-04-05 2024-04-05 60 237 270 Convenção sobre o crime cibernético https://escola.mpu.mp.br/publicacoescientificas/index.php/boletim/article/view/770 <p>O presente artigo objetiva analisar como o ordenamento jurídico e as instituições brasileiras têm-se adaptado para lidar com a crescente criminalidade no ciberespaço, bem como examinar os benefícios e os impactos que a internalização da Convenção sobre o Crime Cibernético, também conhecida como Convenção de Budapeste, trouxe para a investigação, a persecução penal e a cooperação internacional no combate aos crimes cibernéticos. Para a consecução desse objetivo, utilizou-se o método indutivo e as técnicas de pesquisa bibliográfica, documental e legislativa, e também a pesquisa em websites e periódicos na internet. Por fim, nas considerações finais deste artigo são elencadas as conclusões obtidas no que concerne aos benefícios e impactos decorrentes da adesão do Brasil à convenção, tornando-o mais efetivo no combate aos crimes cibernéticos mas, ao mesmo tempo, resguardando os direitos e garantias individuais arduamente conquistados pela Constituição brasileira de 1988.</p> Rogério Postai Copyright (c) 2024 Boletim Científico Escola Superior do Ministério Público da União 2024-04-05 2024-04-05 60 220 236 A imprescritibilidade da pretensão reparatória dos danos ambientais https://escola.mpu.mp.br/publicacoescientificas/index.php/boletim/article/view/769 <p>Após o julgamento do Recurso Extraordinário n. 654.833/AC, a Suprema Corte brasileira reconheceu o caráter imprescritível da reparação civil dos danos ambientais ocorridos no território brasileiro. Embora tenha sido fixada a tese na Repercussão Geral n. 999, algumas lacunas relevantes permaneceram em aberto, não sendo objeto de enfrentamento direto nas razões de decidir dos votos dos ministros da Suprema Corte, a exemplo da natureza do dano e seu lastro de repercussão, individual ou transindividual, além das questões que envolvem as positivações constitucionais e os delimitadores temporais de incidência. O caso referencial discutiu a reparação de danos materiais, morais e ambientais decorrentes da extração ilegal de madeira de grande valor em área ocupada originariamente pela comunidade indígena Ashaninka-Kampa, do rio Amônia, situada no Acre, entre os anos de 1981 e 1987. O objetivo deste artigo, assim, foi trazer uma análise acerca das lacunas argumentativas e metodológicas da imprescritibilidade das pretensões ambientais no âmbito do referido julgado, além de buscar soluções para os entraves práticos identificados.</p> Rodrigo de Melo Pinheiro Copyright (c) 2024 Boletim Científico Escola Superior do Ministério Público da União 2024-04-05 2024-04-05 60 194 219 A duração razoável da investigação https://escola.mpu.mp.br/publicacoescientificas/index.php/boletim/article/view/768 <p>O presente artigo faz uma análise do direito à duração razoável do processo, enfocando sua incidência no controle das investigações criminais. Discute, criticamente, as soluções formuladas pela doutrina e jurisprudência para estabelecimento de um prazo suficiente para a duração das investigações e propõe uma disciplina mais coerente e sistemática para a hipótese do trancamento das apurações assente nesse direito fundamental, com base no critério da justa causa, por ser o mais adequado para avaliar o contexto probatório produzido na fase pré-processual.</p> Ricardo Magalhães de Mendonça Copyright (c) 2024 Boletim Científico Escola Superior do Ministério Público da União 2024-04-05 2024-04-05 60 175 193 Sobre a (ir)retroatividade da nova Lei de Improbidade Administrativa https://escola.mpu.mp.br/publicacoescientificas/index.php/boletim/article/view/767 <p>Diante das profundas alterações realizadas no sistema infraconstitucional de tutela da probidade administrativa pela Lei n. 14.230/2021, o presente artigo abordará as possíveis soluções cabíveis para o operador do Direito que se deparar com o conflito intertemporal entre as normas existentes na redação original da Lei n. 8.429/1992 e as disposições inauguradas por aquela lei.</p> Luciane Goulart de Oliveira Rodrigo Felipe Rossetto Copyright (c) 2024 Boletim Científico Escola Superior do Ministério Público da União 2024-04-05 2024-04-05 60 163 174 Meio ambiente do trabalho https://escola.mpu.mp.br/publicacoescientificas/index.php/boletim/article/view/766 <p>A grave questão ambiental, incluído o meio ambiente do trabalho, está na ordem do dia. A preocupação com o ambiente saudável vem ganhando os espaços de discussão, interna e externamente, e tende a assumir papel relevante, inclusive na disputa pelos mercados mais cobiçados. Há robustas demonstrações dos danos de grande monta, instantâneos, alguns com imagens de vítimas em tempos real, que impressionam e comovem. Também há crescente produção de conhecimento científico indicando as graves consequências do adoecimento crônico em razão da exposição continuada a contaminantes no ambiente laboral. A preocupação com a saúde e a vida dos trabalhadores precisa ser incorporada à prática, com a concretização dos dispositivos da Constituição que estabelecem o primado do trabalho como direito social fundamental e fornecem instrumentos para a sua tutela, incluindo o que diz respeito à preservação da integridade da vida do trabalhador. Este ensaio pretende contribuir para a reflexão sobre os princípios da prevenção e da precaução em relação ao meio ambiente de trabalho, em especial nos acidentes ambientais ampliados, vitimizadores, com danos agudos ou crônicos, do ser humano que vive do seu trabalho. </p> Leomar Daroncho Copyright (c) 2024 Boletim Científico Escola Superior do Ministério Público da União 2024-04-05 2024-04-05 60 136 162 Estado Social de Direito https://escola.mpu.mp.br/publicacoescientificas/index.php/boletim/article/view/765 <p>O Estado Social de Direito como um dos paradigmas constitucionais representou um avanço para a humanidade, especialmente no que toca aos pobres e às pessoas mais vulneráveis. Traduziu-se como um momento histórico com peculiaridades específicas, que apontou para o desenvolvimento igualitário entre as pessoas, com vistas à concretização da justiça social, após intenso clamor das massas em reivindicações por melhores condições de trabalho, direitos previdenciários e sociais, além de uma vida mais digna. Nesse novo modelo, inobstante os avanços, houve limitações estruturais dos direitos sociais consagrados, especialmente com a ausência, ainda, da concepção normativa dos princípios jurídicos e da sujeição à índole dos governantes, já que se tratava de Estado intervencionista, ocasionando uma autonomia material reduzida. Mesmo assim, a relevância do Estado Social de Direito para a evolução do constitucionalismo resta evidente, visto que rompeu com o liberalismo existente há tantos anos, conferiu direitos sociais à classe mais desfavorecida e abriu portas para o Estado Democrático de Direito, cujo viés intrínseco é humanista e social, e hoje rege as constituições de inúmeros países. </p> Juliana Bortoncello Ferreira Tallita Souza de Oliveira Pignati Copyright (c) 2024 Boletim Científico Escola Superior do Ministério Público da União 2024-04-05 2024-04-05 60 124 135