Explorando fronteiras jurídicas entre público e privado no direito à liberdade:
Diálogos constitucionais com o ministro alemão Thomas Offenloch
DOI:
https://doi.org/10.63601/resmpu.2025.v3.n1.e-3103Palavras-chave:
direito constitucional comparado, democracia militante, liberdade de expressão, privacidade, autorregulação reguladaResumo
O presente artigo tem como ponto de partida a visita acadêmica realizada por um grupo de juristas alemães ao Brasil e à Escola Superior do Ministério Público da União para estabelecer um diálogo constitucional com o Ministro Alemão Thomas Offenloch, explorando fronteiras jurídicas entre público e privado no direito à liberdade. Em sua participação de trabalho durante a visita acadêmica de fevereiro de 2025, o Ministro Thomas Offenloch apresentou uma importante reflexão sobre o papel do Tribunal Constitucional da Alemanha com relação à defesa da democracia e do direito fundamental à liberdade. O presente artigo pretende problematizar os contornos do debate proposto por ele, através da apresentação de casos geradores distintos que se situam em uma outra dimensão da questão, tendo transposto a fronteira entre o privado e o público, de modo a que a solução jurídica para a questão se transforma de modo significativo. A conexão dos direitos fundamentais relativos à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa com a democracia é evidente e projetos autoritários buscam a desconstrução a erosão do Estado Democrático de Direito através da redução da liberdade de imprensa e de expressão. O direito fundamental à liberdade de expressão, que merece proteção preferencial tanto no Brasil, quanto na Alemanha. Por outro lado, existem fronteiras jurídicas da comunicação e limites do humor. Comunicações jornalísticas de questões eminentemente privadas podem ser judicialmente proibidas por violação a outros direitos fundamentais, tais como a privacidade e a honra, por exemplo.
Referências
BARLOW, John Perry. A Declaration of independence of cyberspace. EFF, San Francisco, 1996. Disponível em: https://www.eff.org/cyberspace-independence. Acesso em: 25 set. 2025.
BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo. 13. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2025.
BINENBOJM, Gustavo. Ainda a supremacia do interesse público. Revista Eletrônica da PGE-RJ, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, maio/ago. 2019. [Online].
CAMPOS, Ricardo. A necessary cognitive turn in digital constitutionalism: regulated self-regulation as a regulatory mechanism for artificial intelligence (AI) in comparative law. In: DÖHMANN, Indra Spiecker; SCHERTEL, Laura Mendes; CAMPOS, Ricardo R. Digital Constitutionalism. Baden-Baden: Nomos Verlagsgesellschaft, 2025. p. 113-136.
CHILTON, Adam; VERSTEEG, Mila.How constitutional rights matter. New York: OxfordUniversity Press, 2020.
CRICK, Bernard. Democracy: a very short introduction. New York: OxfordUniversity Press, 2002.
DAHL, Robert A. Polyarchy: participation and opposition. Connecticut: Yale University Press, 2008.
DE TOCQUEVILLE, Alexis. Democracy in America. Indianapolis: Liberty Fund, 2012.
DIEKMANN, Kai. Ich war BILD: Ein Leben zwischen Schlagzeilen, Staatsaffären und Skandalen. Munique: DVA, 2023.
DWORKIN, Ronald. Hard cases. Harvard Law Review, Massachusetts, v. 88, p. 1057, 1974.
DWORKIN, Ronald. Law’s empire. Massachusetts: Harvard University Press, 1986.
FORTES, Pedro Rubim Borges. Crises da democracia e de governo: um ensaio de história constitucional brasileira em defesa da Constituição-Cidadã e da cidadania emancipada. Passagens:Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p. 4-16, jan./abr. 2023. DOI: 10.15175/1984-2503-202315101.
FORTES, Pedro Rubim Borges. Democratic crisis in South America? Ten points for debate. In: RICHARD CLARY, Zim Nwokora; GALLIGAN, Denis James (ed.). Democracy in crisis: the putney debates 2023. Oxford: Hart Publishing, 2025.
FORTES, Pedro Rubim Borges. Hasta la vista, baby: reflections on the risks of algocracy, killer robots, and artificial superintelligence. Revista de la Facultad de Derecho de México, Cidade do México, v. 71, n. 279, p. 45-72, 2021.
FORTES, Pedro Rubim Borges. Paths to digital justice: judicial robots, algorithmic decision-making, and due process. Asian Journal of Law and Society, Cambridge, v. 7, n. 3, p. 453-469, 2020. DOI: https://doi.org/10.1017/als.2020.12.
FORTES, Pedro Rubim Borges; KAMPOURAKIS, Ioannis. Exploring legal borderlands: introducing the theme. Rei-Revista Estudos Institucionais, Rio de Janeiro, v. 5, n. 2, p. 639-655, 2019.
FORTES, Pedro Rubim Borges; MARTINS, Guilherme Magalhães; OLIVEIRA, Pedro Farias. Digital geodiscrimination: how algorithms may discriminate based on consumers’ geographical location. Droit et société, Paris, v. 107, n. 1, p. 145-166, 2021.
HAILBRONNER, Michaela. Wehrhafte Demokratie light oder doch Verbotsverfahren? Zeitschrift für Parteienwissenschaften, Düsseldorf, n. 2, p. 170-176, 2024.
KISS, Jemima. An online magna carta: berners-lee calls for bill of rights for web. The Guardian, Londres, 12 mar. 2014. Disponível em: https://tinyurl.com/dktrexhk. Acesso em: set. 2025.
LAMPRECHT, Rolf. Ich gehe bis nach Karlsruhe: Eine Geschichte des Bundesverfassungsgerichts-Ein SPIEGEL-Buch. Munique: DVA, 2011.
LAW, David. Canon and Comparative Constitutional Law. In: JACKSON, Vicki C.; KHOSLA, Madhav (ed.). Redefining Comparative Constitutional Law: Essays for Mark Tushnet. Oxford: Oxford University Press, 2025.
LOEWENSTEIN, Karl. Brazil under Vargas. Nova Iorque: Macmillan, 1942.
LOEWENSTEIN, Karl. Militant democracy and fundamental rights, I. The american political science review, Washington-DC, v. 31, n. 3, p. 417-432, 1937a.
LOEWENSTEIN, Karl. Militant democracy and fundamental rights, II. American Political Science Review, Washington-DC, v. 31, n. 4, p. 638-658, 1937b.
LÜBBERDING, Frank. Der Scharlatan. Frankfurter Allgemeine Zeitung, Frankfurt am Main, 12 out. 2012.
MICHELMAN, Frank I. The bill of rights, the common law, and the freedom-friendly state. University of Miami Law Review, Flórida, v. 58, p. 401, 2003.
MOREIRA, Adilson José. Racismo recreativo. São Paulo: Polen, 2019.
OFFENLOCH, Thomas. A atuação dos Poderes e estímulos jurídicos a uma cultura democrática. Revista da Escola Superior do Ministério Público da União – RESMPU, Brasília-DF, v. 3, n. 1, jan./jul. 2025.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella di; Ribeiro, Carlos Vinícius Alves. Supremacia do interesse público e outros temas relevantes do direito administrativo. São Paulo: Atlas, 2010.
POPPER, Karl. The open society and its enemies. Oxfordshire: Routledge, 2012.
PRZEWORSKI, Adam. Crises da democracia. São Paulo: Schwarcz-Companhia das Letras, 2020.
SALDANHA, Nelson. O jardim e a praça: ensaio sobre o lado “privado” e o lado “público” da vida social e histórica. Ciência & Trópico, Recife, v. 11, 1983.
SARLET, Ingo Wolfgang. Liberdade de expressão e o problema da regulação do discurso do ódio nas mídias sociais. Rei-Revista Estudos Institucionais, Rio de Janeiro, v. 5, n. 3, p. 1207-1233, 2019.
SARMENTO, Daniel. Interesses públicos vs. interesses privados na perspectiva da teoria e da filosofia constitucional. In: SARMENTO, Daniel. Interesses públicos versus interesses privados: desconstruindo o princípio da supremacia do interesse público. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007. p. 23-116.
SARTORI, Giovanni. A teoria da democracia revisitada: o debate contemporâneo. São Paulo: Ática, 1994.
SCHÜLER, Fernando. A marcha da insensatez, Veja, São Paulo, 12 abr. 2024. Disponível em: https://tinyurl.com/46nksv4n. Acesso em: set. 2025.
SCHUMPETER, Joseph A. Capitalism, socialism and democracy. Oxfordshire: Routledge, 2013.
TEPEDINO, Gustavo (org.). Problemas de direito civil-constitucional. Rio de Janeiro: Renovar, 2000.
TRIBE, Laurence H. American constitutional law. Nova Iorque: Foundation Press, 1978.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista da Escola Superior do Ministério Público da União

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os textos estão sob Licença Creative Commons – Atribuição-Não Comercial 4.0.
É autorizada a reprodução total ou parcial para fins não comerciais, desde que inserida a fonte e indicada a autoria do texto.
Revista da Escola Superior do Ministério Público da União (RESMPU)


