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Combate à falsificação de moedas é tema de seminário internacional em São Paulo
Integrantes do
Ministério Público Federal, do Banco Central do Brasil e da Polícia
Federal firmaram, em 11 de novembro, compromisso de atuação
conjunta no combate ao crime de moeda falsa no Brasil. A ação
integrada foi celebrada na Carta de São Paulo, concluída e
divulgada no fim do Seminário Internacional “O combate ao crime
de moeda falsa, perspectiva com o fortalecimento do Real e novas
técnicas de investigação”, realizado nos dias 10 e 11 de
novembro na Procuradoria Regional da República (PRR-3), em São
Paulo.
Promovido pela Escola Superior do Ministério Público
da União (ESMPU), o seminário reuniu especialistas e autoridades
estrangeiros e brasileiros para discutir as técnicas de investigação
no combate à falsificação de moedas e também debater medidas para
aprimorar o controle das cédulas, a legislação que rege o tema no
Brasil e no mundo e as formas que as instituições agem para coibir
esse crime.
Além de destacar cinco medidas para tornar mais
eficaz o combate à falsificação de moedas no Brasil, a Carta
de São Paulo destaca a confiança e a credibilidade
que a moeda brasileira conquistou nacional e internacionalmente – o
que, ao mesmo tempo, torna-a alvo da atuação de falsificadores e do
crime organizado, o que representa grande potencial lesivo aos
interesses nacionais na preservação de sua moeda.
Seminário
Internacional - Durante dois dias, membros do MPF, da
Polícia Federal, da Magistratura, do Banco Central, além de
representantes de bancos europeus, canadenses e norte-americanos,
apresentaram um panorama da falsificação de moedas no Brasil e no
exterior. Os palestrantes detalharam procedimentos adotados durante
as investigações, destacaram a importância do trabalho conjunto e
apontaram falhas que precisam ser corrigidas no combate à
criminalidade.
A mesa de abertura do seminário contou com a
presença da procuradora-chefe da PRR-3, Luiza Cristina Fonseca
Frischeisen, da subprocuradora-geral da República e coordenadora da
2ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF (2CRR) Raquel Elias
Ferreira Dodge, do procurador regional da República da 1ª Região e
coordenador do evento e do GT da 2CRR sobre Moeda Falsa Carlos
Alberto Carvalho de Vilhena Coelho, do chefe do Departamento do Meio
Circulante do Banco Central do Brasil, João Sidney de Figueiredo
Filho, do superintendente da Polícia Federal no Estado de São
Paulo, Roberto Ciciliati Troncon Filho, e do coordenador-geral de
Polícia Fazendária, Cláudio Ferreira Gomes.
Os
participantes da mesa de abertura destacaram a importância do
evento, sobretudo considerando a valorização da moeda brasileira e
a iminência de grandes eventos esportivos internacionais, como a
Copa do Mundo e as Olimpíadas, durante os quais o país pode ser
alvo de falsificadores internacionais.
A coordenadora da 2CRR
do MPF, Raquel Dodge, lembrou, ainda, que a credibilidade da moeda
brasileira é um valioso bem que o MPF e as demais instituições têm
o dever de proteger e que os prejuízos do crime de moeda falsa
extrapolam o âmbito financeiro e econômico. O coordenador do
evento, procurador regional Carlos Alberto Vilhena, lembrou que o
seminário era fruto de diálogo com o Banco Central e a Polícia
Federal, no qual foi identificada a necessidade de se discutir o
crime de moeda falsa e se preparar para enfrentá-lo, num cenário de
fortalecimento da moeda brasileira.
A primeira mesa do evento
abordou o panorama atual da falsificação de moeda nos Estados
Unidos e também as técnicas de repressão a esse crime naquele
país. Em sua apresentação, Lorelei W. Pagano, do Banknote Planning
and Quality of the Federal Reserve Board in Washington DC, traçou
uma retrospectiva da produção de papel moeda nos EUA desde a sua
independência, bem como da falsificação. Pagano, que chegou a
trabalhar no serviço secreto americano e no comitê contra
falsificação, apresentou a realidade dos bancos livres no início
do século XIX, em que cada banco podia emitir seu próprio papel
moeda, e de como isso fez com que, na época, a falsificação fosse
algo tão comum e crescente que fez o congresso americano considerar
a necessidade de um Banco Central.
Na sequência, Charles
Spencer, diretor do Banco do Canadá, apresentou um painel sobre
falsificação e as técnicas de repressão no Canadá. Ele ressaltou
a importância da confiança na moeda para a integridade da economia
de um país. “O Canadá demorou para perceber a necessidade de se
prevenir contra a falsificação de moeda, tendo pagado um alto preço
por isso. O impacto poderia ter sido menor se o país tivesse
trabalhado com a prevenção”, afirmou Spencer. Em sua
apresentação, o diretor mostrou que o país não investiu na
segurança das notas e que, entre 2000 e 2004, o problema de
falsificação no Canadá foi tão sério que uma em cada dez lojas
canadenses não aceitava notas de 100 – as mais falsificadas.
Para enfrentar o problema, o Canadá teve que investir
pesado. Redesenhou suas notas, treinou a polícia para lidar com esse
tipo de crime, criou um sistema de monitoramento de notas falsas, que
não existia até então, e fez campanhas para que o cidadão e o
lojista pudessem reconhecer as falsificações. Com as mudanças,
houve uma queda drástica na quantidade de falsificação.
Carlos
Ramos Neves, representante do Banco de Portugal, apresentou o quadro
da falsificação de moeda na Europa. Neves falou sobre os
dispositivos de segurança do Euro e a respeito da organização das
entidades envolvidas na prevenção e combate à falsificação de
moeda. Patrícia Gonçalves Gama da Silveira, da Polícia Judiciária
portuguesa, apresentou as técnicas de repressão utilizadas na
Europa. Ressaltando a unidade de procedimentos e a centralização
dos dados de todos os países membros, Patrícia Silveira demonstrou
a importância da utilização de um banco de dados único para
nortear ações de investigação policial.
Ao falar do
panorama atual da falsificação de moeda no Brasil, João Sidney de
Figueiredo Filho, do Banco Central do Brasil, relatou que houve um
crescimento exponencial preocupante na falsificação da moeda
brasileira após a estabilização da moeda em 1994. Ele destacou a
importância do uso de dispositivos de identificação da nota
verdadeira na diminuição da incidência do delito. Mostrou também
características do sistema de banco de dados desenvolvido pela
entidade para classificar os tipos de falsificação e o local de
ocorrência.
O delegado de Polícia Federal (PF) João Thiago
Oliveira Pinho mostrou o trabalho que vem sendo desenvolvido pela
instituição com a utilização do sistema de banco de dados do
Banco Central. A ferramenta do banco tem fornecido dados para nortear
investigações que resultam no desmantelamento de grandes quadrilhas
de falsários. João Thiago ressaltou, ainda, a importância da
centralização de informações a da cooperação entre o Ministério
Público Federal, Polícia Federal e Banco Central na construção de
rotinas padronizadas mais eficientes para o combate do crime de
falsificação.
Na manhã do dia 11 a discussão ficou
concentrada na experiência brasileira. Foram apresentados detalhes
da “Operação Ventania”, que, em 2010, culminou no
desmantelamento da maior quadrilha de falsificação e distribuição
de moeda falsa no Brasil. Estima-se que a quadrilha – formada por
12 integrantes, todos presos – tenha distribuído mais de 900 mil
cédulas falsas em todos os estados brasileiros, gerando um prejuízo
que pode ultrapassar R$ 20 milhões. Entre 2005 e 2009, a quadrilha
pode ter sido responsável por cerca de um terço do total de notas
falsas em circulação no país.
Carta de São
Paulo – No encerramento, os participantes puderam
debater o que foi apresentado nas palestras e trazer questões
práticas, como a forma com que hoje a polícia inicia uma
investigação, as dificuldades enfrentadas por peritos, procuradores
e juízes para definir se uma falsificação é boa ou grosseira ou
mesmo a quantidade de notas falsas apreendidas que o BC deve manter
em seu banco de dados.
Ao final, membros das três
instituições (MPF, PF e BCB) prepararam e ajustaram os termos da
Carta
de São Paulo, firmando compromisso comum de combate
ao crime de moeda falsa. Para o coordenador do Seminário, Carlos
Alberto Carvalho de Vilhena Coelho, o evento e a carta representam “o
primeiro passo de nossa longa caminhada contra a falsificação da
moeda”.
Fonte: Ascom-PRR1, com
informações da Procuradoria Regional da República da 3ª Região e
da Procuradoria da República no Estado de São Paulo
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