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Especialistas analisam limite do respeito à autonomia do paciente em casos de reposição de sangue

Webinar foi transmitido pelo canal da ESMPU no YouTube nesta quinta-feira (28/4)
publicado: 28/04/2022 19h00 última modificação: 03/05/2022 12h00
Foto: ESMPU/Divulgação

Foto: ESMPU/Divulgação

Como lidar com o paciente quando a transfusão de sangue não é uma opção? Para discutir o tema, membros do Ministério Público, especialistas e pesquisadores da área de saúde se reuniram na tarde desta quinta-feira (28/4) no webinar “Terapias padrão-ouro no tratamento clínico e cirúrgico das reposições de sangue com repercussão no interesse jurídico do MP”, promovido pela Escola Superior do MPU (ESMPU). O orientador pedagógico e mediador da atividade foi o procurador regional da República Ângelo Roberto Ilha, pós-doutor em Neurociências. Assista.

O anestesiologista Luís Vicente Garcia abordou a autonomia do paciente e terapias vanguardistas no controle hemodinâmico. Ele reforçou que o fundamental quando se fala em terapia vanguardista é promover a melhor recuperação e a sobrevida do paciente. Para isso, segundo o médico, é preciso proporcionar uma oferta adequada de oxigênio para os tecidos, que permite coração funcionante e quantidade total de oxigênio no sangue.

“É possível fazer cirurgias sem transfusão de sangue desde que se utilizem as estratégias corretas, entre elas: hemodiluição, pré-doação, recuperação intraoperatória, hipotensão controlada, garrotes, drogas hemostáticas, bisturis eficientes e eritropoetina”, completou Garcia. Entretanto, segundo ele, o respeito à vontade do paciente e a decisão a cargo da família precisam ser diferenciados. “O médico precisa dar a sua opinião técnica sobre o caso”, acrescentou.

O controle do risco anestésico-cirúrgico e o respeito à autonomia do paciente foram analisados pela também anestesiologista Liana Azi, que ressaltou a importância da avaliação do estado clínico do paciente antes da cirurgia, calculado com base em padrões e escalas aprovados por sociedades médicas. “Saúde é muito mais do que a ausência de doença. O respeito e a dignidade do paciente precisam fazer parte da decisão médica. Como balancear o risco cirúrgico e a autonomia do paciente? Com planejamento adequado e comunicação”, acrescentou.

O ginecologista e obstetra Wagner Homero apresentou casos de cirurgias sem transfusão de sangue em sua área de atuação de 2015 a 2022. Ele citou vários fatores para se buscar alternativas como a constante falta de hemocomponentes, infecções que podem ser transmitidas pelo sangue, reações alérgicas e aumento de custos, tempo de internação e mortalidade. Segundo ele, é factível operar pacientes sem transfusão de sangue desde que o profissional corra à frente e tome decisões anteriores ao procedimento.

O médico e mestre em Neurociências Daison Nelson Dias elogiou os profissionais que têm se dedicado a enfrentar o dilema de atender pacientes que recusam a transfusão de sangue. Ele ressaltou os desafios éticos, jurídicos e médicos do tema. “Para desenvolver uma boa prática é preciso ter acesso à informação e amparo institucional. Ao se aprofundar sobre o tema de gerenciamento de sangue, o principal valor que se busca é o humano”, disse.

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