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Pesquisadora Jaqueline Mesquita fala sobre participação feminina na ciência

Atividade acadêmica celebra Dia Nacional da Ciência e dos Pesquisadores, comemorado em 8 de julho
publicado: 22/06/2023 17h38 última modificação: 22/06/2023 17h39
Foto: Divulgação/ESMPU

Foto: Divulgação/ESMPU

As mulheres representam 33% de todos os pesquisadores no mundo, mas apenas 12% delas são membros de academias científicas nacionais. Nas áreas de tecnologia e inovação, a presença feminina cai ainda mais: apenas uma em cada cinco profissionais. Nesta quinta-feira (22/6), a Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU) recebeu a pesquisadora Jaqueline Godoy Mesquita, palestrante do seminário "Protagonismo feminino na Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I)”.

A cientista falou sobre o fortalecimento da participação feminina no campo científico e a necessidade de fomentar boas práticas no combate à desigualdade de gênero na produção científica. “As mulheres ao longo de sua trajetória vão sendo cortadas. À medida que avançamos na carreira, a situação vai piorando. Esse fenômeno é conhecido como efeito tesoura. Por isso, é tão difícil ver mulheres em lugares de liderança e em posição de destaque”, desabafou.

Professora do Departamento de Matemática da Universidade de Brasília (UnB), Mesquita é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Matemática (2021-2023) e  ganhadora pela América do Sul, Central e Região do Caribe do "Science, She Says!” Award, prêmio concedido pelo Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional italiano. Ela trabalha com equações diferenciais funcionais com retardamento, área pouco explorada, mas que vem ganhando projeção graças à grande aplicabilidade, em especial nos estudos sobre a evolução de doenças, como as causadas por vírus. Essas equações descrevem o lapso de tempo transcorrido entre a pessoa ser infectada e o aparecimento dos sintomas.

Tecnologias de gênero – A representatividade feminina é muito baixa na Ciência, Tecnologia e Inovação? Por que as mulheres não vão para essas áreas? É preciso voltar para a infância e entender as tecnologias de gêneros”, alertou Mesquita. Ela explicou que desenhos animados, músicas, novelas, filmes e brinquedos estão recheados de estereótipos de gêneros, com viés inconsciente do que deve ser estimulado e desenvolvido em meninos e meninas, o pensar e o cuidar, respectivamente.

Ela citou uma pesquisa realizada com 200 meninos e 200 meninas, entre 5 e 7 anos, em que os grupos são submetidos a experiências em que era necessário relacionar inteligência e gênero. O estudo mostrou que a percepção começa a mudar a partir dos 6 anos, quando as meninas começam a achar que pessoas de sucesso são do sexo masculino. Clique aqui para ler o artigo.

“As meninas são criadas para serem validadas por um homem que as escolha. Quanto mais dentro do estereótipo ela está, mais na frente da prateleira para ser escolhida. Elas têm que ser vistas pela lente de um homem que a valide. Para elas, o casamento está em primeiro lugar. Para eles, a carreira”, acrescentou Mesquita citando o estudo “A prateleira do  amor”, da professora da UnB Valeska Zanello.

A professora também discorreu sobre a participação de meninas nas olimpíadas de Matemática, assédio moral e sexual, maternidade e carreira e os efeitos da pandemia na produtividade das mulheres, letramento de gênero.

Confira aqui as fotos do seminário.

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