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Reforma da previdência precisa ser política de Estado, defende procuradora regional

Em entrevista ao programa Espaço Debate da ESMPU, Zélia Pierdoná afirma que se as regras atuais se mantiveram, não haverá recursos para a previdência social no futuro
publicado: 19/07/2016 15h05 última modificação: 31/03/2017 17h30

A reforma da previdência voltou à agenda nacional. O assunto também está sendo tratado dentro do Ministério Público Federal (MPF), na 1ª Câmara de Coordenação e Revisão, que elencou o tema como uma das prioridades para 2016. À frente das discussões sobre essa pauta está a procuradora Regional da República Zélia Pierdoná.

Em entrevista ao programa Espaço Debate da Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU), a procuradora defendeu que a reforma da previdência é uma política de Estado. “Não podemos fazer análises parciais. Esta questão pode parecer antipática num primeiro momento, mas se mantivermos as regras como estão, não haverá recursos para a previdência social no futuro”. Clique para ver a íntegra da conversa.

Pierdoná explicou durante a entrevista que, atualmente, há um volume muito grande de recursos destinado à previdência em detrimento das demais políticas sociais. “Defendo que o eixo das discussões deva se centrar no quanto a sociedade brasileira quer efetivamente gastar com a política previdenciária”.

Em contraposição à tese defendida por alguns grupos de que não há déficit na previdência, ela explicou que essas pessoas querem alocar os recursos das sete contribuições da seguridade social (destinadas à previdência, saúde e assistência) apenas para a previdência social. “Se definirmos que vamos gastar tanto com previdência, temos de deixar claro que não haverá recursos para outras áreas, como a saúde”.

Para a procuradora, a sustentabilidade do sistema previdenciário tem de ser tratada dentro do contexto da seguridade e das demais políticas estatais. “Não se pode pensar na reforma da previdência parcialmente. Tem-se de pensar como uma política de Estado que está inserido dentro do contexto de outras políticas”.

Ela ainda cita que a reforma da previdência deve prever a revisão dos benefícios assistenciais, pois a fixação do valor em um salário mínimo “desestimula a contribuição previdenciária”. Além disso, deve abranger a previdência dos servidores, principalmente a dos militares (a previdência dos servidores civis e militares gerou déficit de R$ 57 bilhões em 2015). “Precisamos transcender interesses coorporativos. Um direito individual tem de ser pensado num conjunto da coletividade.”

Idade mínima - Zélia Pierdoná defende também a necessidade de se instituir uma idade mínima por tempo de contribuição. De acordo com ela, países mais e menos desenvolvidos que o Brasil já adotam uma idade mínima. “O estabelecimento de uma idade mínima tem a ver com a longevidade e a redução de natalidade. Hoje, com o aumento da longevidade, têm pessoas ganhando aposentadoria em tempo superior ao da contribuição”.

Esta entrevista também está disponível para download. Pode ser publicada nos sites interessados na temática e compartilhado nas mídias sociais.

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