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Doutora em Direito Público explica como as fake news impactam a democracia

Para Marilda Silveira, a forma como a informação circula na internet tem grande potencial para desconstruir os pilares democráticos
publicado: 07/05/2020 15h41 última modificação: 07/05/2020 15h43
Ilustração e foto

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“Os algoritmos, a identidade digital e a forma com a informação circula na internet tem grande potencial para desconstruir os pilares democráticos”, alertou a doutora em Direito Público e coordenadora da Transparência Eleitoral Regional Brasil, Marilda de Paula Silveira. Ao participar da série “Diálogos Interdisciplinares – a pandemia do Coronavírus”, ela afirmou ser um agravante o fato de que esses elementos podem dar a falsa sensação de que os pilares da informação e da liberdade de expressão estão sendo fortalecidos, o que, na visão dela, não ocorre. Confira a entrevista na íntegra.

Na conversa, conduzida pelo secretário de Planejamento e Projetos da ESMPU, Carlos Vinícius Ribeiro, ao definir o que chamou de “ambiente democrático de qualidade”, Silveira explicou que é preciso ter um espaço no qual as pessoas possam falar o que querem, sendo respeitadas pelo que falam, e receber a informação sem manipulação. “Notícia falsa e desinformação existem desde que o mundo é mundo. Mas, hoje, a capacidade de impulsionar ou manipular uma informação falsa é muito maior com a internet. Além de fazer com que as pessoas acreditem que elas estão acessando alguma informação com liberdade, que elas de fato não têm”, ressaltou.

Marilda, que desenvolve pesquisas sobre inteligência artificial, também falou sobre “identidade digital” e como o ambiente virtual tornou-se relevante para o Estado Democrático e os agentes que compõem a democracia. Em sua análise, atualmente, é muito fácil convencer alguém de qualquer coisa, utilizando a identidade digital e esses instrumentos tecnológicos de identificação pessoal para direcionamento customizado de propaganda ou desinformação.

Segundo ela, toda vez que alguém se movimenta nesse ambiente virtual (acessando sites, clicando em conteúdo, preenchendo pesquisas, curtindo ou compartilhando leituras), deixa traços que permitem a sua identificação. “Por meio desses caminhos que uma pessoa percorre, uma empresa consegue conhecer uma pessoa e definir sua forma de pensar. Isso é o que a gente entende como identidade digital complexa: que é a utilização de dados para definir o perfil das pessoas a partir do que elas movimentam na internet e nas redes”, explicou.

Série “Diálogos Interdisciplinares – a pandemia do Coronavírus”

Promovidos pela Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU), os encontros virtuais buscam fomentar a discussão, o debate e a reflexão sobre aspectos jurídicos, sociais e econômicos das medidas tomadas para combater a pandemia do coronavírus no Brasil e no mundo.

Lançada no final de março, a série conta com a participação de acadêmicos, especialistas, economistas e juristas. Confira os episódios já disponibilizados aqui.

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